Quariterê, resistência e Teresa
O Quilombo de Quariterê, também conhecido
como Quilombo do Piolho, surgiu na região do rio Piolho, em um momento de
fixação portuguesa no interior do território extrapolando o Tratado de Tordesilhas,
através das bandeiras e da mineração. Como marco nesta região, é criada em 1748
a Capitania de Mato Grosso, com sua capital na Vila Bela da Santíssima
Trindade.
Instalando-se
próximo a Cuiabá, não muito longe da fronteira com a atual Bolívia, o quilombo
recebia negros, indígenas e mestiços fugidos, sobrevivendo até 1770. Com a resistência dos habitantes do quilombo,
liderados por Teresa, despertam a atenção e a preocupação do governo lusitano.
Uma incursão sob o comando de Luiz Pinto de Souza Coutinho é organizada através
da Câmara Municipal de Vila Bela da Santíssima Trindade com patrocínio de
proprietários de escravos. O quilombo é destruído e os escravos capturados,
sendo levados para a Vila Bela, onde foram castigados duramente e devolvidos a
seus proprietários. O fim de Teresa é controverso, algumas fontes afirmam que
ela enlouquece, outras que ela se suicida e outras apontam que ela foi
torturada e assassinada.
Segundo Maria De Lourdes Bandeira (apud Machado,
M. F. R.)
Na
organização política residia a especificidade do quilombo Quariterê, que nisso
se distinguia de Palmares e dos quilombos do Ambrósio e de Campo Grande. A
forma de governo adotada foi a realeza. Havia rei, mas à época da primeira
destruição era governado por uma preta viúva, a Rainha Teresa [de Benguela],
assistida por uma espécie de parlamentar, com capitão-mor e conselheiro. A
alcunha do conselheiro da rainha, José Piolho, transformou-se em uma das
designações do quilombo. Nos quilombos de Alagoas e de Minas Gerais, a chefia
era masculina e não assumia o caráter de reinado formal, como no quilombo de
Vila Bela.
Após a apreensão dos
escravos, funda-se a Aldeia de Carlota, como forma de manter o domínio
português na região. Contudo, isto não impediu a fundação de outros quilombos
na capitania de Mato Grosso.
Fontes:
Palitot, Aleks. Quilombo do Piolho, resistência afro no vale
do Guaporé. Disponível em: http://www.newsrondonia.com.br/noticias/quilombo+do+piolho+resistencia+afro+no+vale+do+guapore/30486
Alves, João de Medeiros. O Quilombo do Quariterê. Disponível
em: http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=185
Maria Fátima Roberto Machado. Quilombos,
Cabixis e Caburés: índios e negros em Mato Grosso no século XVIII. Disponível em:
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